Embora sem ter muitos dados, (para isso teria que residir em Portugal, para poder obte-los no arquivo distrital da Guarda) vou como prometi, debrucar-me sobre a familia "Coimbra" de Vila Cha (d'Algodres).
Tanto quanto consegui apurar, atravez dos meus avos e meu pai, (enquanto vivos) a familia Coimbra se nao era originaria de Vila Nova de Poiares, (Distrito de Coimbra) pelo menos tinha ai parentes e propriedades. No entanto Eduardo Simoes Coimbra, talvez o mais republicano residente do meu concelho, em fins do seculo XIX, se nao nasceu ca, ja ca residia e tinha constituido familia por essa altura.
Se nao tinha ligacoes com a Maconaria, era pelo menos um individuo de formacao progressista e liberal.
Creio, embora sem ter certezas, (para isso necessitaria toda a ajuda possivel) que ja foi ele uma das pessoas mais influentes, na criacao na escola na freguesia de Vila Cha, (criada por decreto de 28 de Maio de 1873, Diario do Governo, No. 124 de 3 de junho do mesmo ano).
Sendo esta freguesia uma das mais pequenas do concelho, nunca teve mais que 300 moradores, foi das primeiras a possuir escola, nisto tambem esteve sem duvida envolvido Antonio Pedroso, que era presidente da camara nessa altura e tambem natural de Vila Cha.
Foi tambem nesses tempos (1868) que foi contruida a Fonte de Santo Antonio, por sinal contruida junto as casas da familia Coimbra, embora ai houvesse outros moradores entre os quais um Antonio da Cruz, em cuja casa eu descobri vestigios de "cristaos-novos", (judeus convertidos). Ate poderei supor, que tanto pelo apelido: "Coimbra", como pela cultura e educacao, que esta familia sempre teve, que possa ela tambem, ter lacos sanguineos judaicos.
Esteve tambem envolvido na construcao da estrada entre Vila Cha e Muxagata em 1863. No entanto foi na construcao do cemiterio, que Eduardo Simoes Coimbra deixou melhor vincada a sua accao, pois nao so foi construido, (1910) durante o tempo em que esteve envolvido na governacao camararia, como foi o proprio que cedeu o terreno para a sua construcao.
Isto e tudo quanto sei acerca do patriarca Coimbra, ja quanto ao seu filho mais velho sei um pouquito mais; Tinha o mesmo nome do pai: Eduardo Simoes Coimbra, nasceu no principio do seculo XX, era formado engenheria e foi comandante da Marinha Mercante, era uma pessoa muito progressista, republicano convicto como o pai, e membro do Grande Oriente Lusitano, do qual chegou a ser Grao-Mestre.
A ele a minha aldeia natal muito deve e, se mais nao fez pela sua terra, foi devido a accao contraria desenvolvida pelos os "fanaticos catolicos", que durante a ditadura nao o deixaram.
No entanto ainda com todas essas contrariedades, esteve envolvido, na construcao do novo edificio escolar e do chafariz do Terreiro em 1934. No final da decada de sessenta, na construcao das novas instalacoes sanitarias na escola, com agua corrente de um poco com bomba elevatoria, construido com dinheiro dele.
Foi tambem ele, que embora nao sendo catolico praticante, comprou o relogio electrico para a nossa igreja. Alem disto comprou algumas casas em ruinas e depois de reconstrui-las, cedeu-as a familias pobres, a troco de prestacoes de precos reduzidissimos.
Mas foi na construcao do antigo club da aldeia, hoje a sede da junta da freguesia, que o seu amor para com a terra que o viu nascer, melhor se sentiu: Possui-a ele um antigo lagar no Largo do Terreiro, que nos fins dos anos sessenta, reconverteu num edificio aconchegante, para ser o salao de recreio da minha terra, dotou-o tambem de mobilia e televisao, nesse tempo em que nem toda a gente a podia ter, cedendo-o gratuitamente ao povo.
Alem disso colaborou com terrenos e dinheiro, para o alargamento de ruas, largos e caminhos na minha freguesia.
Por tudo isto e por algo mais, que neste momento me escapa, e sem duvida nenhuma, devida uma homenagem embora que postuma a esta familia e principalmente ao "Engenheiro".
Na pedra da sua sepultura, existente no cemiterio mandado construir pelo seu pai, em que figuram os simbolos das "Maconaria", nao poderiam ter escrito nada mais verdadeiro: "aqui jaz quem muito amou a sua terra e quem sempre lutou, para que as sua gente fosse menos pobre e menos inculta".