quarta-feira, junho 28, 2006

JUDEUS EM ALGODRES ? II


Dando seguimento a entrada anterior sobre o tema, refiro-me agora a outra inscricao conhecida na antiga vila de Algodres. Nesta ve-se muito mais bem grafado, o emblema eucaristico, muito em voga nos seculos XVII e XVIII, mas tambem ainda presentemente usado.
Aqui vemos que o H se encontra carregado com uma cruz latina, no entanto o que mais me chamou a atencao, foi a cruz que foi gravada no lado direito; E uma cruz em forma de X, conhecida por "Cruz de Santo Andre", pois de acordo com a historia (ou lenda) foi numa cruz com este formato, que aquele santo foi cruxificado.

Embora sem o afirmar categoricamente, creio que a semelhanca da gravacao referida na entrada anterior, tambem esta tera sido mandada fazer por um "cristao-novo", portanto judeu converso.

Este X pode tambem ser a sigla do pedreiro constructor, no entanto essas siglas identificativas, foram muitissimo mais usadas em epocas mais recuadas.

Ha tambem alguns autores, como o meu amigo Nuno Soares: "Blog sobre Algodres", (meus links) que devido a humildade desta construcao, sugere que tera sido um estabulo de animais e aqui nunca ter habitado ninguem, tendo a gravacao ali sido colocada como que para abencoar os animais.
No entanto temos que convir, que construcoes toscas como esta, foram outrora habitacoes, mas, embora o possam nao ter sido, por si so, isso nao descarta a hipotese da construcao ter sido propriedade de algum judeu convertido.

Queria tambem fazer notar, que uma cruz como esta "de Santo Andre", existe tambem numa casa sita na Rua da Torre, em Fornos de Algodres, a qual me referi na entrada de 19 de Marco passado.

13 comentários:

Joaquim Baptista disse...

Amigo Al, por favor ponha-me por extenso a inscrição que a partir da foto não consigo ver as letras.
Agradecido antecipadamente

Joaquim

Chanesco disse...

Amigo Al
Penso que a hipótese proposta pelo seu amigo Nuno Soares é perfeitamente plausível. Lembro-me, e já não era tão garoto como isso, que quando os animais adoeciam se faziam defumadouros e rezas com um prato com água, azeite e sal - diziam que era para tirar o acadente (mau olhado)- e que, posteriormente, se colocava uma cruz na porta do estábulo (pintada mas geralmente feita con dois paus atados) sendo depois pendurada ou pregada na porta durante alguns dias para impedir que o espírito voltasse a entrar.

Cunprimentos desde a Raia

Al Cardoso disse...

Caro Joaquim: irei colocar uma outra foto a preto e branco com as gravacoes realcadas.

Caro Arca:
O que o amigo refere tem muito mais que ver com bruxaria que com cristianismo, eu tambem tenho lembrancas de casos parecidos, no entanto gravacoes como esta tao perfeitas, teram decerto outro significado.
No entanto bem haja pelo seu comentario, como "soe" dizer-se: da discusao e que nasce a luz.

JL disse...

Também me lembro de, em miúdo, ouvir histórias dessas com animais... Coisas do arco da velha que me faziam passar as noites em claro :-)

Um abraço

Isa Maria disse...

muito interesaante o seu post. Continue.

O Micróbio II disse...

Cruz de Santo André que é a base da bandeira escocesa...

Al Cardoso disse...

Tem toda a razao caro Microbio, a cruz de Santo Andre e a que aparece na bandeira da Escocia.

Crónicas de Ariana disse...

Estes nossos antepassados deixam marcas bem "profundas" para que jamais possam ser esquecidas, até que ponto nos dias de hoje as pequenas marcas que vamos deixando serão tão relembradas e tão marcantes para o futuro? Por vezes questiono-me sobre isso, pelo facto de estarmos em constante evolução, o que hoje está actualizado amanhã já não está, as decobertas, por exemplo, na saúde são constantes e desactaulizam-se constantes teorias anteriores.

BJS

RPM disse...

Viva Portugal

Ah Ricardo...que fabuloso foi...mais 2 jogos assim, não se pede mais e pode ir descansar para o Sporting......por uma época

lolololo

abraço

RPM

Alex disse...

Pelo que vejo no seu blog há muitas inscrições nas pedras das casas das terras de Algodres. É sem dúvida uma fonte de surpresas para quem não conhece.
Se é que já não existe, era conveniente fazer um inventário sistematizado com toda essa informação para que possa ser preservado.
Bom trabalho.
Um abraço

o alquimista disse...

Obrigado pela visita, no seu espaço aprendemos como é immenso portugal, como é bonito o mundo...

Um abraço "O ALQUIMISTA"

Anónimo disse...

Como tenho escrito em alguns comentários no meu blog, penso que este tipo de gravações pode ter na sua origem intenções muito diversas, carecendo de cuidadosa análise casuística e do contexto em que se inserem.
Poderão em certos casos estar associadas a cristãos-novos mas também poderão ser manifestações mais genéricas da religiosidade pós-tridentina, aparecendo com frequência em edifícios civis e religiosos (quer no exterior quer no interior), como referiu o Joaquim Baptista. Quando aos estábulos, limitei-me a anotar que tenho encontrado em vários locais da Beira Alta e da Beira Baixa (por ex. em Algodres e em Vilar Maior) inscrições deste tipo (ou variantes: ISH, ...) em construções que tudo indica terem sido, sempre, estábulos, pelo que coloquei a hipótese de, nesses casos, terem sido feitas com a intenção de abençoar/proteger o gado, à semelhança de outras práticas bem conhecidas (como as acima referidas por A Arca da Velha).
A título de curiosidade, registo que, no concelho de Fornos de Algodres, Mons. Pinheiro Marques ("Terras de Algodres", reed. de 2001, p. 27) inventariou uma situação que talvez tenha idêntica finalidade, quando refere que "na torsa de uma porta de loja das Casas Grandes está também, muito bem gravada, outra cruz, cujo desenho é invulgar". Sem descartar a hipótese de reutilização que o autor a seguir aventa, anoto que se trata de uma cruz colocada na porta de uma "loja" de uma habitação solarenga, cuja razão de ser dificilmente se relacionará com cristãos-novos ou com a sagração do edifício.

Al Cardoso disse...

Caro Nuno se bem ler o "Terras de Algodres" do monsenhor Pinheiro Marques, dar-se-a conta que o proprio monsenhor nao esta seguro de que a casa em frente a Capela da Copacabana, tenha sido a casa dos Osorio, ele cre que sim mas nao esta seguro, de facto devido a estes fidalgos terem abandonado Figueiro da Granja creio que desde o seculo XV pode se por a duvida, alem disso a referida casa mesmo sabendo que os fidaldos dessa epoca estavam muito aquem a epoca faustosa iniciada no seculo XVI, nao tem nada que nos possa levar a considerara-la solarenga, brevemente irei colocar umas gravuras que descobri numa parede doutra casa junto desta.