De entre todas as profissoes manuais que se desnvolveram na vila de Fornos, a que maior renome alcancou ate meados do seculo passado foi a "tamancaria": arte de confecionar tamancos e tamancas. Para os mais novos e que se nao lembrem deste tipo de calcado passo a explicar: Tamancos era um tipo de botas normalmente para homem, feitas de cabedal ao natural e que eram depois encebadas, ou tambem nalguns casos pintado de preto ou outras cores e as Tamancas era um tipo de chinelas femeninas, normalmente pintadas e decoradas havendo-as tambem em cabedal ao natural, uns o outros com a particularidade de terem a sola feita de madeira, usualmente de "amieiro"(madeira facilmente moldavel). Para alem de ser uma materia prima em abundancia (os amieiros sao uma especie arborea bastante frequente nas zonas ribeirinhas na nossa regiao de Algodres) usava-se tambem pelo facto de ser um material quente e seco e portanto muito proprio, principalmente para os meses de inverno, muito mais severo nesses tempos de antanho.
Fornos de Algodres era conhecida nesses tempos por: "Terra dos tamanqueiros" devido ao facto de terem chegado a existir varios fabricantes nao so na vila mas tambem na vizinha Infias, havendo alguns que davam emprego a bastantes artezaos. Os tamancos de Fornos eram comercializados em todas as feiras da Beira e ainda em Tras-os-Montes (por coincidencia ou nao as zonas mais frias do nosso pais) e eram um tipo de calcado muito popular entre os pastores das bem conhecidas ovelhas "bordaleiras" e "merinas mondegueiras" que poduzem o leite com que se confeciona, o nosso bem conhecido "Queijo da Serra da Estrela" reconhecido em todo o lado como um dos melhores do mundo. Hoje este tipo de calcado embora ainda se fabrique em pequena escala para artezanato foi destronado com o advento da burracha e mais tarde do plastico, muito raramente se ve alguem a usar tamancos.
A origem do fabrico dos tamancos perde-se na memoria dos tempos, mas nao seria de estranhar que tivesse sido introduzida na nossa regiao, pelos seguidores da fe de Moises, como sabemos os judeus nunca foi um povo que se dedica-se muito a agricultura eram; nas classes mais ricas: "fisicos"(medicos) homens de leis e advogados, comerciantes e banqueiros, nas classes mais pobres entre outras coisas eram: alfaiates, sapateiros, carpinteiros, latoeiros, cesteiros etc... Por isso nao me custa nada a crer que tivessem sido eles quem introduziu este tipo de calcado nas nossas terras. Mas tivessem sido eles ou nao, quem o fez so mostrou que tinha sentido apurado para o que era um bom industrial e comerciante, pois usavam materias primas locais e de acordo com as necessidades da regiao.
Quanto deveriam aprender deles estas novas geracoes, porque em vez inovar usando os nossos productos, unicamente so sabem copiar outras regioes e ou seus vizinhos. Pois nem seria preciso ter uma vista muito apurada para se verem possibilidades de desenvolvimento usando as nossas materias primas.
4 comentários:
Foi com muito gosto e supresa que li este artigo, até porque sou neto dos ultimos tamanqueiros do nosso concelho.
Parabens pelo trabalho
Nesse caso tenha alguma informacao acerca da sua familia que considere relevante para este blog gostaria que a compartilha-se connosco, bem haja.
Caro amigo anonimo se puder facultar-me o nome do seu avo, poderia assim tentar encontrar algum paralelo com a minha teoria, sei que uma dessas familias de tamanqueiros era Flor das outras nao sei nada.
Bem haja desde ja.
Saudações, só hoje tive a oportunidade de ler o vosso pedido.
O meu avo chamava-se Germano da Costa e foi lhe passado o oficio de tamanqueiro por outro senhor de nome Luis Neto. Mas vou tentar saber mais pelas pessoas mais velhas da aldeia.
Muitos parabens pelo post sobre Infias.
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