quinta-feira, março 16, 2006

CASA DA CERCA, DO RAMIRAO


Esta e casa, em que se encontra a já por mim referida anteriormente, a seguinte lapide:
ANTÓNIO DE MELO DE S.PAIO
20 DE DEZEMBRO DE 1653
Era outrora muitíssimo mais grandiosa, pois ainda a cerca de 25 anos, existia uma outra ala que ruiu ou foi demolida, em que se encontravam no andar superior, duas belíssimas janelas geminadas em ambas as esquinas, com colunas e outra decoração em boa cantaria.(que pena nessa altura não a ter documentado)
Desconheço a data e as condicoes da destruição dessa ala da casa, pelo que se algum leitor souber, agradecia a gentileza do seu comentário.

A casa que eu suponho datar do século XV, pela sua grandeza fazia supor ser propriedade de família rica, embora ao mesmo tempo não indique ser nenhuma família aristocratica. Também não existe tanto quanto sei, nenhuma referencia a famílias nobres no Ramirao. E embora, também na vizinha e antiga vila de Infias, exista uma família Melo, essa não será tanto quanto sei, tampouco de origem aristocratica.
A lapide referida e em cantaria e, encontra-se incrustada na parede, que separa o quintal e a escada, da porta de entrada, com o largo.

Quando recentemente fui ao Ramirao, deparei-me com a destruição da ala da casa já referida, foi então que me dei conta, das cruzes gravadas na ombreira da porta (foto publicada na entrada anterior) e, comecei então a ligar o apelido S. Paio, com a provável conversão de um judeu de nome: António Melo e, essa data poder ser a data do seu baptismo, tendo adoptado o: S. Paio.
Essas minhas suspeitas foram ainda mais confirmadas, quando na entrada que deita para o pátio referido, encontrei a cruz gravada que hoje publico, em tudo semelhante a outras existentes na judiaria de Trancoso e, a outra que eu descobri também recentemente, na Rua da Torre em Fornos de Algodres.

Não e de estranhar a presença de judeus no Ramirao, porque por aqui passava a via romana Viseu - Celorico - Egitanea, e porque sendo os judeus um povo de mercadores e artezaos tendiam a residir junto as principais vias de comunicação.

Embora sem certezas absolutas, pois para isso necessitaria outras investigacoes, que neste momento se tornam de difícil concretização, creio que estarei muito perto da verdade. No entanto deixo aberta uma porta para a concretização final desta ideia, por parte de qualquer interessado.
Estou convicto de terei sido primeiro, a referir-me a estas evidencias, pelo que me considero de certa forma bafejado pela sorte.

5 comentários:

Anónimo disse...

Caro Albino:
Está de parabéns por nos trazer estes interessantes dados, que tb. julgo serem inéditos. Férias assim valem bem a pena!

Unknown disse...

Aqui está mais um apontamento deveras interessante.
Valeria a pena a chamada de atenção da autarquia, para que esta quando confrontada com pedidos de alterações à construção de casas ou até demolições, tivesse em conta esses pormenores, que fazem parte da nossa História.

Abraços

Unknown disse...

Eu passo aqui muitas vezes sem deixar marcas, porque o texto diz tudo. Muito bem observado documentado e descrito de uma forma positiva

Força

Um abraço

Neoarqueo disse...

"Al Cardoso e a Busca dos Judeus perdidos na História de Fornos de Algodres".
Embora o título seja grande demais caracteriza a saga que o meu amigo tem.
Devo acrescentar que lhe manifesto aqui os meus sinceros parabéns pelas descobertas, inéditas, que tem vindo a revelar-nos. Com o mancial que já tem recolhido espero um dia poder "lê-lo" em livro e não apenas neste Blog. Força e pense nesse projecto.

Unknown disse...

Esta cas me traz recordacoes,sou do Ramirao mas vivo no Canada . Me lembro de quando a minha familia la vivia.

, se nao estou confusa a minha vizavo faleceu nessa casa,gostava muito de saber mais sobre ela. O meu nome e Adelaide Linhares mas era Almeida dos Santos,muito obrigado.