sexta-feira, maio 19, 2006

AINDA A SENHORA dos MILAGRES


Continuando a falar da ermida da Senhora dos Milagres da Muxagata, devo informar que aqui se venera a virgem Maria, desde tempos imemoriais, existindo ate principios do seculo XVIII um belo santuario, que juntava crentes de uma grande parte da Beira.
Por essas alturas, nao consegui saber a data correcta, existiram serios desentendimentos entre o paroco, a junta da paroquia e a hermandade da Senhora. Pelo que o bispo da diocese de Viseu, para sanar o conflito, decidiu fazer transportar a imagem da santa para Viseu, protejida por um esquadao de cavalaria.
Aparentemente esta accao, nao so nao resolveu nada, como veio exaltar ainda mais os animos, porque os habitantes desta freguesia, ja que nao tinham a imagem, decidiram destruir o templo, fizeram-no, nao tendo ficado pedra sobre pedra.
Ai foram buscar pedra, as pessoas que o desejaram e, ate da vizinha freguesia de Figueiro da Granja vieram e, tendo contruido uma ponte provisoria sobre a ribeira, num so unico domingo, levaram cerca de duas duzias de carros de bois de cantaria, com a qual entre outras coisas, enriqueceram a sua Matriz.
Estes factos, vieram causar para alem dos conflitos anteriores, desentendimentos entre estas duas freguesias, pelo que aquando da segunda "aparicao" e construcao do templo existente, em dias de romaria sempre havia cenas de pancandaria, entre a gente da Muxagata e de Figueiro. Ainda na decada de sessenta do seculo passado isso acontecia e, eu em crianca assisti, a uma troca de mimos entre algumas pessoas, entre elas, o aquela data presidente da camara de Fornos, pessoa natural e residente em Figueiro da Granja.
Estas romarias da Senhora dos Milagres, eram tao importantes e concorridas, que quando da construcao da linha do caminho de ferro da Beira Alta, foi contruido um apeadeio relativamente perto da ermida, onde paravam os comboios nos dias de festa: 25 de Marco e 8 de Setembro, para alem disso deslocavam-se dezenas de autocarros com gente de partes varias.
A fotografia que publico e uma vista actual do templo, tirada da parte posterior, e portanto menos usual. Ai se podem ver alguns lavores graniticos dos fins do barroco.

6 comentários:

Neoarqueo disse...

Bem, a Igreja é bonita, mas a fotografia está muito bem tirada.

JL disse...

É uma Ermida muito bonita e num lugar fantástico. Já percebi, entretanto, que faltei à miscarada. Da próxima vez não se esqueçam de convidar :-)

Orlindo Jorge disse...

São mesmo burlescos todos esses acontecimentos de intriga. O que devia unir afinal serviu como justificação para querelas. E não é situação única. Muitas outras histórias deste género existem pelo país.

Al Cardoso, uma vez que mostra ter entendimentos sobre epigrafia pedia-lhe que desse um saltinho aqui http://noticiasdosforcalhos.blogspot.com/ , no post número 148, para confirmar, ou não, a leitura epigráfica de umas alminhas. Estendo o pedido a todos os que por aqui passam.
Um abraço

Chanesco disse...

Uma ermida com uma história semelhante à do "Rivalidades de São Domingos". Bem dizia o AL, quando comentou este meu post, que na sua terra, as rivalidades entre aldeias davam sempre em sopapada nos dias de festa. Nem a Santa fazia um milagre para apaziguar os ânimos.

Cumprimentos.

Alex disse...

Em Portugal houve uma época muito rica em aparições, milagres e santinhos. E quase sempre em sítios altaneiros. Terá sido certamente por estarem mais próximo do céu e por haver por cá muitos crentes?

Mas com tanta variedade os santos bem podiam ter sido melhor distribuídos. A Muxagata e Figueiró só tinham a ganhar com isso. E se fossem santos gémeos? Vinha mesmo a calhar. Era um para cada sítio e ficava toda a gente satisfeita.
Como é que é possível, ao fim de tantos anos, ainda haver alguma crispação entre as pessoas?

Al Cardoso disse...

Caro Alex:

No que toca a santos, tanto a Muxagata como Figueiro estao bem servidos deles, o que os dois queriam era esta santa "dos Milagres".
Se tivessem sido mais amigos, quem sabe os que vao agora a Fatima, vinham fazer as promessas a pe ao "lugar do mouros".