quinta-feira, outubro 12, 2006

A MACONARIA, a REPUBLICA e a familia COIMBRA

Embora sem ter muitos dados, (para isso teria que residir em Portugal, para poder obte-los no arquivo distrital da Guarda) vou como prometi, debrucar-me sobre a familia "Coimbra" de Vila Cha (d'Algodres).

Tanto quanto consegui apurar, atravez dos meus avos e meu pai, (enquanto vivos) a familia Coimbra se nao era originaria de Vila Nova de Poiares, (Distrito de Coimbra) pelo menos tinha ai parentes e propriedades. No entanto Eduardo Simoes Coimbra, talvez o mais republicano residente do meu concelho, em fins do seculo XIX, se nao nasceu ca, ja ca residia e tinha constituido familia por essa altura.
Se nao tinha ligacoes com a Maconaria, era pelo menos um individuo de formacao progressista e liberal.
Creio, embora sem ter certezas, (para isso necessitaria toda a ajuda possivel) que ja foi ele uma das pessoas mais influentes, na criacao na escola na freguesia de Vila Cha, (criada por decreto de 28 de Maio de 1873, Diario do Governo, No. 124 de 3 de junho do mesmo ano).
Sendo esta freguesia uma das mais pequenas do concelho, nunca teve mais que 300 moradores, foi das primeiras a possuir escola, nisto tambem esteve sem duvida envolvido Antonio Pedroso, que era presidente da camara nessa altura e tambem natural de Vila Cha.
Foi tambem nesses tempos (1868) que foi contruida a Fonte de Santo Antonio, por sinal contruida junto as casas da familia Coimbra, embora ai houvesse outros moradores entre os quais um Antonio da Cruz, em cuja casa eu descobri vestigios de "cristaos-novos", (judeus convertidos). Ate poderei supor, que tanto pelo apelido: "Coimbra", como pela cultura e educacao, que esta familia sempre teve, que possa ela tambem, ter lacos sanguineos judaicos.
Esteve tambem envolvido na construcao da estrada entre Vila Cha e Muxagata em 1863. No entanto foi na construcao do cemiterio, que Eduardo Simoes Coimbra deixou melhor vincada a sua accao, pois nao so foi construido, (1910) durante o tempo em que esteve envolvido na governacao camararia, como foi o proprio que cedeu o terreno para a sua construcao.
Isto e tudo quanto sei acerca do patriarca Coimbra, ja quanto ao seu filho mais velho sei um pouquito mais; Tinha o mesmo nome do pai: Eduardo Simoes Coimbra, nasceu no principio do seculo XX, era formado engenheria e foi comandante da Marinha Mercante, era uma pessoa muito progressista, republicano convicto como o pai, e membro do Grande Oriente Lusitano, do qual chegou a ser Grao-Mestre.
A ele a minha aldeia natal muito deve e, se mais nao fez pela sua terra, foi devido a accao contraria desenvolvida pelos os "fanaticos catolicos", que durante a ditadura nao o deixaram.
No entanto ainda com todas essas contrariedades, esteve envolvido, na construcao do novo edificio escolar e do chafariz do Terreiro em 1934. No final da decada de sessenta, na construcao das novas instalacoes sanitarias na escola, com agua corrente de um poco com bomba elevatoria, construido com dinheiro dele.
Foi tambem ele, que embora nao sendo catolico praticante, comprou o relogio electrico para a nossa igreja. Alem disto comprou algumas casas em ruinas e depois de reconstrui-las, cedeu-as a familias pobres, a troco de prestacoes de precos reduzidissimos.
Mas foi na construcao do antigo club da aldeia, hoje a sede da junta da freguesia, que o seu amor para com a terra que o viu nascer, melhor se sentiu: Possui-a ele um antigo lagar no Largo do Terreiro, que nos fins dos anos sessenta, reconverteu num edificio aconchegante, para ser o salao de recreio da minha terra, dotou-o tambem de mobilia e televisao, nesse tempo em que nem toda a gente a podia ter, cedendo-o gratuitamente ao povo.
Alem disso colaborou com terrenos e dinheiro, para o alargamento de ruas, largos e caminhos na minha freguesia.
Por tudo isto e por algo mais, que neste momento me escapa, e sem duvida nenhuma, devida uma homenagem embora que postuma a esta familia e principalmente ao "Engenheiro".
Na pedra da sua sepultura, existente no cemiterio mandado construir pelo seu pai, em que figuram os simbolos das "Maconaria", nao poderiam ter escrito nada mais verdadeiro: "aqui jaz quem muito amou a sua terra e quem sempre lutou, para que as sua gente fosse menos pobre e menos inculta".

16 comentários:

T disse...

Gostei de te ler. Obrigada pela indicação.
Voltarei para ler mais.
Um abraço

Chanesco disse...

Caro AL godres Cardoso

Sempre foi assim e continuará a ser.
O reconhecimento de quem dá tudo pelos outros só aparece postumamente.

Saudações Raianas.

Anónimo disse...

Sem dúvida uma pessoa expecional, pena não ter o devido reconhecimento por todos nós, conterrâneos.
Este, foi sem dúvida, um dos que sabia, o que significava a palavra "Social".
Abraço.

Tozé Franco disse...

Mais uma "bonita" tradição portuguesa: o reconhecimento do valor das pessaos apenas depois de morrerem.
Bom fim-de-semana.
Um abraço.

a d´almeida nunes disse...

Hello Al
Muito obrigado pelos frequentes comentários que me deixa no "dispersamente" a que eu tão mal tenho correspondido.
Repito o que já disse em comentário anterior: acho extraordinário a forma fundamentada e muito interessada como consegue abordar as questões da sua terra natal (dos seus antepassados?).
Extraordinário! Só com muito amor e devoção à causa é que se conseguem resultados destes.
Muitos parabéns e um grande abraço desde Leiria - Portugal.
Sabe, tenho um outro luso-descendene na minha lista de correspondentes linkados no meu blog: "LiberalJournal", também é luso-Americano ou, pelo menos de ascendência Portuguesa e escreve razoavelmete português. Política USA é o forte dele. Os Republicanos têm-no à perna!
antonio dispersamente

Anónimo disse...

http://photo-a-trois.blogspot.com/

Se gostas de fotografia passa lá

Abraço

RPM disse...

Amigo!

Gostei do que escreveu...muito bem documentado que o amigo está!

De Fornos tenho amigos, mas que vivem em Coimbra depois de regressarem de Angola, onde viviam, na cidade do Dondo. É a Família Cruz (Conceição e Francisco Cruz, pais. Carlos, Micéu e Marisa, os filhos). Conhece?

Um abraço de amizade

RPM

Moura disse...

Achei interessante o link para a "Jihad?". Uma vez que estou a dar o Islamismo ao 8ºano, acabou por me dar algum jeito. Aproveitei também para referir este blog para verem a contagem do tempo para os judeus.
Abraço

Al Cardoso disse...

Caro RPM:

Nao, nao conheco essa familia, sabe eu tambem passei a minha juventude em Angola, vivi dos 10 aos vinte anos na Gabela-Quanza Sul, passava frequentemente no Dondo, pois para ir a Luanda a estrada principal era por la.
Na minha aldeia havia uma familia Cruz, a que eu ja me referi algumas vezes, mas so me lembro da senhora que ja faleceu e era ja de idade, quando eu tinha dez anos, sei que tinha um filho mas nao sei por onde andava.
Realmente eu ano conheco muitas pessoas, para alem de alguma gente da vila e da minha aldeia.
Nas minhas cinco dezenas de anos, nao cheguei a residir na minha terra mais que 15, no entanto tenho-a no coracao.

Um abraco.

eduardo disse...

Bom dia, amigo Cardoso.
Isto não é um blog. É um manual de levamento histórico da Região.

Que não por acaso tem um valor incalculável quase sem ninguém dar por isso.

Um abraço da minha costela beirã.

Anónimo disse...

Essa família Cruz, não terá ligações a Carapito e não haverá um médico na família que vive lá em Coimbra?

Gostei do que li, meu caro Alcardoso. Parabéns! Continue!
Um abraço virtual.
PL

Anónimo disse...

Li atentamente os comentárioa expressos...de forma gratuita encontrei o meu nome assim como o da minha família..Sou a Micéu Cruz,Filha de Francisco Cruz (natural de Carapito) e de facto vivemos longos anos em Angola/Dondo. Disponobilizo-me para outras informações. O meu endereço é rio_cuanza@hotmail.com

Anónimo disse...

Na Muxagata havia tb um lagar dos Coimbra ; dessa família havia tb 1 Jorge Coimbra, irmão (? ) do Engenheiro Coimbra.

Anónimo disse...

O meu pai era da Muxagata, de apelido Cardoso da Fonseca. O irmão era Cardoso de Albuquerque.

Anónimo disse...

De Figueiró da Granja havia os Pinheiro Marques.

Al Cardoso disse...

Exactamente, nesse lagar trabalhou o meu saudoso pai nos anos 50 do século XXI.
Sim o Engenheiro tinha um irmão chamado Jorge já falecido.