segunda-feira, junho 10, 2013

O Armario "Judaico" de Vila Cha!

Na ultima estadia na minha "terra de Algodres", tive oportunidade de fotografar um armário que julgo ser "judaico", existente no interior de uma casa, já minha conhecida durante a infância, que e propriedade, de uma senhora muito amiga da minha família.
Já varias vezes me referi a esta casa antiga de "balcão", pela existência na sua fachada de uma inscrição, que já há muito relaciono com "cristãos-novos".
Também o senhor José Levy Domingos, ai fotografou essa inscrição e, ate encontrou junto a uma janela, um outro cruciforme, que a mim menos treinado de vista, sempre me tinha passado desapercebido.
Já criança, me lembrava muito bem desse armário, mas nunca tinha tido a oportunidade de o fotografar, e ver com mais detalhe. Desta vez fiz estas fotografias que apresento, que me dão quase a certeza, que este armário terá sido anteriormente a conversão dos judeus, um armário usado para colocar as escrituras e outros objectos do culto judaico.
Embora sem muito trabalho artístico tem uma base interessante, mas o mais importante quanto a mim, e a pedra com gravacoes no seu lado esquerdo, que podem muito bem ser interpretadas como um "menorah"!
Devo notar também, que a exemplo do usual, se encontra virado para Jerusalém e, que, só se encontra uma parte, porque o resto esta embutido numa parede construída posteriormente, o que indicia que a casa adjacente a altura desta construção, era parte desta.
Terá talvez algum significado, que ate aos dias de hoje, a proprietaria desta casa e de apelido "Carvalho", que a casa adjacente a que me referi, onde a minha pessoa viu a luz do dia, foi propriedade de uma senhora "Maria da Luz", que antes de viver nesta casa, residiu na arruinada aldeia das "Cortes"! Povoação que eu tenho afirmado, ter sido construída por "cristãos-novos", no século XVI-XVII, junto a Vila Chã, mas já no limite territorial de Figueiró da Granja!




terça-feira, maio 28, 2013

Nossa Senhora "das Bouas Novas"!


Estou completamente convencido, que esta e a imagem original, da "Senhora das Boas Novas", que foi venerada por centenas de anos, na igreja paroquial de Vila Chã, no município de Fornos de Algodres!
A razão desta minha convicção, tem a alicerça-la os seguintes factos:
Primeiramente sempre ouvi as pessoas mais idosas da minha terra, nos longinquos anos sessenta, referir-se a esta imagem como: "Nossa Senhora das Boas Novas".
Em segundo lugar, porque esta imagem e uma antiga imagem gótica em pedra, que estará de acordo com a fundação da igreja de Vila Chã, povoação que já existia no século XIV.
Também porque, esta imagem tem muito mais que ver, com a existente pintura do tecto da nave da igreja, onde ao contrario da imagem actual existente no altar mor, aqui o menino Jesus encontra-se vestido e não nu, como naquela!
Ainda porque, esta imagem tem o tamanho ideal, para ser colocada no nicho que se encontra inserido no antigo retábulo, que era o anterior altar, antes da construção do altar barroco actual.

Esta imagem, actualmente encontra-se na capela particular de Nossa Senhora do Carmo, que pertence a casa solar dos Soveral/Pedroso.

Suponho que terá sido esta família, quem terá ofertado a actual imagem da "Senhora", actualmente venerada na igreja, que e uma bela imagem do final do barroco, Existe no corredor da igreja gravada na pedra a data de 1822, que eu creio ser a data da reconstrução, dos actuais altares e daquela imagem!

A ser verdade tudo isto, estaria explicada a razão desta antiquíssima imagem, se encontrar nesta capela particular!

quarta-feira, abril 24, 2013

"AQUI d'ALGODRES"!: "TERRA" ou "Terras de Algodres"?!

Busto do "Algodres", popularmente o fundador da "Terra de Algodres", existente na fachada posterior da Igreja Matriz de Algodres.
"AQUI d'ALGODRES"!: "TERRA" ou "Terras de Algodres"?!

segunda-feira, abril 15, 2013

"Enfias", (Infias) em Principios do seculo XVIII!

Igreja Paroquial de S. Pedro.
Na "Coreografia Portuguesa" escrita pelo padre António Carvalho Costa, e publicada em Dezembro de 1708, era assim descrita a nossa vila de Infias:

A ortografia e a original e, os comentários entre parentes são meus!

....."A Villa, &; Concelho de Enfias fica a seis legoas ao nascente de Vizeu, he terra muy limitada, (pequena) tem 50 vizinhos (fogos=famílias) com hua Igreja Paroquial da invocação de São Pedro, Abadia do Bispo de Vizeu, &; duas Ermidas. (Capelas: a de Santa Isabel na Quinta do Casainho e, a de Nossa Senhora da Graça, encostada pelo lado de fora a fachada sul da Igreja) Tem Juiz ordinário, (Juiz e presidente da câmara) &; hum Escrivão que serve todos os officios da Terra. &; no que toca ao militar he annexo ao Concelho de Tavares. (interessante o facto de, embora junto a Vila de Fornos de Algodres, que fica a 1 quilometro e, que tinha uma companhia de ordenanças, estava anexada ao Concelho de Tavares, na área militar, concelho esse que fica muito mais longe!)

Quem sabe não seria, porque já nesses tempos existiam rivalidades, entre Infias e Fornos, rivalidades essas, que ainda hoje um pouco mais esbatidas, ainda existem!

A titulo de informação devo acrescentar, que nenhuma dessas duas capelas existe actualmente.
A de Santa Isabel, no Casainho, era uma capela vinculada da família Melo, que estando já arruinada quando o Marquez de Tomar adquiriu a propriedade, no século XIX, foi abandonada e, em princípios do século XX, foi transformada em residência de ferias, da família Costa Cabral!
A esta capela, vinha uma romaria no dia da Santa: 4 de Julho, da vila de Fornos e da antiga freguesia do Ramirao, com celebração de missa. Informa-nos o Monsenhor Pinheiro Marques, no "Terras de Algodres", que ainda em princípios do século XX se realizava a romaria, mas que porque a capela estava arruinada, a missa já se realizava na igreja de S. Pedro. Suponho que a imagem de Santa Isabel, continua na posse da família proprietaria, da Quinta do Casainho.
Quanto a capela de Nossa Senhora da Graça, que era pertença do povo, de que há também noticia, na Descrição das povoacoes do Reino no século XVII e, nos interrogatorios do século XVIII (1758) e bem assim, em vários documentos da diocese de Viseu. Embora sem certezas nenhumas, estou em crer que terá sido demolida aquando das obras na igreja, no século XIX (1822); quando foi construído o actual campanário de duas ventanas, pois o anterior era de uma só! E também para a abertura da estrada; (actualmente Avenida Principal) que liga ao cruzamento da actual estrada que segue para a Matança! Neste momento e tanto quanto sei, nem da imagem da Virgem existem rastos!

terça-feira, abril 02, 2013

"Santa Eufemia da Matanca" I

Capela romano/gótica de Santa Eufémia, Matança, Fornos de Algodres.

Como ainda estamos na época da Pascoa e porque, foi nesta Segunda Feira da Pascoa, que no antigo concelho da Matança, se celebrou a festa da milagrosa "Santa Eufémia". (o outro dia e o 16 de Setembro) Quero deixar novamente uma pequena referencia a esta ermida e, a um outro facto provavelmente desconhecido de muita gente, não mencionado em nenhum livro ou ate folheto turístico, tanto quanto sei!
Primeiramente gostaria de me referir a esta invocação; (Santa Eufémia) muito enraizada em Portugal, mas e principalmente, a norte do rio Tejo!
Como muitos de vos sabereis Santa Eufémia, não e uma única santa, existem documentadas varias santas Eufemias, sendo as mais conhecidas a de Braga ou Ourense, que se encontra sepultada na catedral de Ourense, na Galiza; a Romana que se encontra sepultada na igreja paroquial de Santa Maria Maior, em Dorno, diocese de Vigevano, arquidiocese de Milão e, a de Calcedónia cidade da Ásia Menor e que se encontra sepultada na catedral da cidade de Rovinj na Croácia.
Da Santa Eufémia romana, sei muito pouco e nem sei bem como foi o seu martírio, que aconteceu durante os primeiros tempos do cristianismo, mas ainda durante o império romano pagão, o seu corpo foi encontrado nas catacumbas de Roma.
A Santa Eufémia da Calcedónia e a mais conhecida e historicamente melhor documentada, foi filha de um nobre Senador romano já cristianizado e, viveu entre os anos de 284-305, durante o império de Diocleciano. Devido a sua beleza foi desejada pelo juiz Opisco, que não a convencendo pois desejava conservar-se virgem, a martirizou, sendo depois deitada ao fosso dos leões, que ficaram mansos e nada lhe fizeram, então num misto de furor e raiva o próprio juiz trespassou o seu coração, falecendo em 16 de Setembro de 303!
A Santa Eufémia de Braga ou Ourense, segundo a lenda, foi uma das nove gémeas santas ( Eufémia, Marinha, Quitéria, Germana, Genebra, Liberata, Marciana, Victoria e Basilia; filhas do Regulo Romano de Braga: Lúcio Caio e sua mulher Calcia, durante o império de Adriano. Foram criadas por Sita uma crista oculta e, baptizadas pelo bispo de Braga S. Ovídio.
Devido ao facto de serem cristas e porque não as conseguiu convencer a renunciar a sua fé, todas elas foram julgadas pelo próprio pai sendo martirizadas em diferentes pontos da Hispânia Romana.
Santa Eufémia que e a que me refiro, foi presa e acoitada  de tal forma, que o seu corpo ficou uma chaga viva, sendo depois encerrada numa masmorra para ai morrer, acontece que foi curada miraculosamente. Quando isto viram os seus algozes, foi pendurada pelos cabelos numa figueira, e mais tarde deitada abaixo de uma penedia na Serra do Geres, tendo escapado a tudo isto, foi por fim degolada afirma a lenda e, os "cronicoes" da idade media, no dia 13 de Abril de 140.
O local da sua sepultura foi algo de grande devoção, ate que com as invasões dos bárbaros se perdeu a sua localização.
Foi já no século XI (1090) que uma pastora, encontrou uma mão incorrupta que se encontrava desenterrada, com um belo anel no dedo, tendo-lho retirado levou-o a seu pai, mas não conseguiu explicar-lhe de onde o tinha tirado, porque tinha ficado muda. Por gestos la o levou ao local e tendo-lhe colocado o anel do dedo daquela mão, recuperou a fala.
Desenterraram então o corpo e nesse momento ouviram vozes angelicais, dizendo que era o corpo de Santa Eufémia, que foi transportado para a ermida de Santa Marinha, (sua irmã) que esta na povoação de Manim, concelho de Lobios, em Ourense na Galiza.
Ai se conservou ate que no ano de 1159 o bispo D. Pedro II, transladou o corpo para a catedral de Ourense, onde se encontram ainda hoje estas relíquias. a 13 de Setembro 2009; 850 depois da transladação do corpo da santa para Ourense, foram entregues partes das relíquias a duas paroquias de invocação de Santa Eufémia; Calheiros, diocese de Viana do Castelo, Portugal e, Ambria diocese de Ourense, Galiza, Espanha.

Desconheço qual e a forma de representação iconográfica da Santa Eufémia Romana, mas a Santa Eufémia da Calcedónia, tanto e apresentada em imagem, com um livro ao peito aberto ou fechado,  uma palma na mão símbolo do martírio, com leões a seus pés, ou com com uma espada e, um lírio na mão, símbolo de pureza, com variantes de terra para terra. Por vezes também aparecem imagens que tem a seus pés a roda de facas do martírio, embora esta roda seja mais representativa de Santa Catarina.
Imagens com esses símbolos, aparecem nas varias capelas e igrejas, na maior parte dos templos a esta santa dedicados por todo Portugal.

Acontece que a nossa Santa Eufémia da Matança, para alem da palma do martírio, comum a todos os santos mártires, não tem nenhum dos símbolos que são atribuídos a Santa Eufémia da Calcedónia. Pelo que sem grandes receios de poder ser desmentido, estou convencido que esta nossa santa, que tem mão esquerda um objecto, que se usava para tratar o linho, feito de pontas afiadas, que terá sido um dos objectos do seu martírio, e não tem nenhuma relação com as outras imagens mencionadas acima, estou seguro que e a Santa Eufémia nascida em Braga e sepultada em Ourense!

Embora o calendário santoral romano actual, só reconheça a Santa Eufémia da Calcedónia, o nosso povo hispânico sempre venerou e vai continuar a venerar, esta nossa santa que nasceu em território que mais tarde viria a ser Portugal!

PS: Agradeço reconhecidamente a fotografia, a amiga Aluap, do blogue:
 http://onovoblogdosforninhenses.blogspot.com

terça-feira, março 19, 2013

Senhor do Bonfim!


Este pequena capela/oratório consagrada a Nosso Senhor do Bonfim, existe da freguesia de Vila Chã,  bastante antiga e, embora se lhe não conheça a fundação, creio ser do século XVII. Originalmente não teria este pequeno alpendre, o que se nota nas colunas, que e obra bastante rústica.
A obra original e um belo trabalho em cantaria, com pilastras e volutas e, tem ao centro uma pequena cruz da Ordem de Cristo (não visível na fotografia), o que me faz crer, ter sido um dos comendadores desta Ordem, que terá mandado construir este pequeno monumento religioso.
De notar que Vila Chã embora paroquia/curato, era sufraganea da Igreja de Santa Maria de Algodres, que por sua vez estava incluída numa comenda da Ordem de Cristo. Conhecem-se vários comendadores de apelido Melo, um dos quais foi "Conjurado" da revolução de 1640, que restaurou a independência de Portugal.
Porque no Domingo e "Dia de Ramos" onde se celebra a paixão de Cristo, e com toda a acuidade, que e junto a esta pequena capela, que se benzem os ramos e se inicia a procissão em direcção a igreja! paroquial.

(Um agradecimento ao Coronel Trabulo, pela fotografia)

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

"A Lenda da Quinta do Inferno"!

A "Quinta do Inferno", em dia de neve!
"D'ALGODRES": DIABOS E DIABICES

Porque actualmente a "Quinta do Inferno", em Algodres, e propriedade de um familiar meu, muito chegado, decidi voltar a publicar a lenda, a esta quinta referente.
Graças a muito e árduo trabalho, o que era um matagal há muitos anos, já se encontra com geito de quinta. A casa também será recuperada a seu tempo e, eu sei, que ficara linda!

"ALGODRES E A TERRA, ONDE O DIABO TEM O SEU PATRIMÓNIO"!!!