domingo, novembro 18, 2007

O Castelo de Algodres ou a sua Memoria!

O que eu suponho ser o que resta do castelo de Algodres!

Algodres vila medieval que data pelo menos do seculo XII, teve tambem o seu castelo, dele se algo resta, em minha opiniao sao as pedras desta muralha que quase ninguem ve quando aqui se desloca. Nao veem porque para ve-las teriam que descer por uma quelha que desce a "Barroca" junto da Igreja da Mesericordia.


Ja o Monsenhor Pinheiro Marques em 1938, estranhava que Algodres a semelhanca das outras antigas vilas da regiao nao tivesse castelo. Segundo a tradicao oral teve-o e foi com as suas pedras ou parte delas que se construiu a actual igreja da mesericordia entre os seculos XVII e XVIII. isso mesmo ele nos informa na monografia "Terras de Algodres".

Alem disso ainda perdura ate hoje o toponimo "castelo", numa propriedade junto a referida igreja.

Foi informado tambem que durante as ultimas escavacoes, na rua que segue do Largo do Pelourinho para o Largo da Nogueira, existiam no subsolo restos de uma muralha com pedras almofadadas. Como ainda nao foi divulgado o relatorio dessas escavacoes, so tenho essa informacao oral e nao existe ainda nenhum documento escrito, pelo que ansiosamente espero por esse relatorio. A ser isto verdade, nao so teria existido o castelo, como dataria do tempo do imperio romano!

Como poderam aperceber-se ja sao muitas coincidencias para que o castelo seja unicamente lendario!
Em minha humilde opiniao a ter havido um castelo em Algodres e eu estou convicto que existiu, foi uma fortificacao de pequeno tamanho, provavelmente uma torre com uma pequena muralha. De facto esta vila nao necessitava de grandes defezas, pois a sua Serra da Barroca era por si so um obstaculo de facil defeza, e isso mesmo o que refere Pinheiro Marques, na sua monografia.

Ja quanto a existente muralha, embora haja quem defenda que so foi construida para suportar o adro trazeiro da Mesericordia, eu contraponho que se fosse para isso, nao era necessario estende-la tanto para a "Barroca", Alem disso se para construir a igreja tiveram que usar as pedras do castelo, provavelmente por ser menos dispendioso, porque razao teriam que gastar mais dinheiro e fazer este adro tao grande, que so fica na trazeira da igreja!

De qualquer maneira ainda que esta muralha nao seja restos do antigo castelo, se a igreja tem pedras dele, muito mais probabilidade existe que tambem o sejam estas pedras da muralha.

Mas sendo ou nao, o que de facto e impressionante e a paisagem que se pode ver do alto desta muralha. Pena e que os possiveis turistas muitas vezes a nao possam admirar, devido a que so tem acesso a ela pedindo que lhes abram o templo, ou o portao lateral. Pelo que sugeria que quando forem finalizadas das obras a decorrer na povoacao, a Junta da Freguesia ou a Camara, deveriam entrar em acordo com a Mesericordia, para manter aberto o portao lateral e ate quem sabe colocar um letreiro a indicar o miradouro!


7 comentários:

RPM disse...

MUito bem.....mais 3 têxtos que li com interesse e gosto!

um abraço grande e amigo

RPM

Anónimo disse...

Caro Albino:

Muitos parabéns por mais esta entrada divulgando o património de Algodres.

Também tenho defendido que é perfeitamente plausível que Algodres, com a importância que teve ao longo da Idade Média, tenha tido um reduto defensivo, como afirma a arreigada tradição local e o micro-topónimo "castelo", junto à Misericórdia, parece atestar. Admito como provável que essa fortificação pudesse remontar aos tempos problemáticos da Reconquista, à semelhança de outras existentes na região (v., por ex., aqui ).

Porém, estando Algodres situada à ilharga das principais vias de comunicação N/S e E/O, nunca terá tido relevo estratégico que motivasse o investimento em fortificações de vulto em épocas posteriores e respectiva manutenção (ao contrário do que sucedeu, por ex., em Celorico, Linhares ou Trancoso), pelo que esse pequeno castelo terá provavelmente deixado de ter relevância militar, permanecendo desactivado ou mesmo arruinado.

Isso poderia explicar que, no séc. XVII, este espaço, no centro da povoação, estivesse disponível e tenha sido escolhido para para a construção da Igreja da Misericórdia. Como o meu amigo bem recorda, a tradição oral local afirma inequivocamente que a Igreja da Misericórdia de Algodres foi construída no local e com pedras do antigo castelo (cf. Pinheiro Marques, “Terrras de Algodres”, 1938, p. 284). É patente, aliás, que essa Igreja teve de se adaptar às características e constrangimentos do espaço disponível, não observando a tradicional orientação E-O.

Sabemos que a Misericórdia de Algodres foi fundada em 1621 (cf. Pinheiro Marques, “Terrras de Algodres”, 1938, p. 294), conjecturando-se que a sua igreja tenha sido edificada entre os séculos XVII - XVIII.

Da "Memória Paroquial" de Algodres de 1758 (disponível em TT OnLine com a ref.: PT-TT-MPRQ/2/61), parece poder deduzir-se que o edifício da Misericórdia já existiria em meados do século XVIII e que, nessa altura, já não existiria o antigo castelo. A "Memória" afirma que a vila tinha "Casa de Misericórdia" (resposta ao quesito 12). Poder-se-ia questionar se o Vigário se referia ao edifício ou apenas à instituição, mas, datando a fundação da Misericórdia do primeiro quartel do séc. XVII, à falta de outras menções ou ressalvas, parece plausível considerar que o edifício já existiria nessa data. A arquitectura da Misericórdia de Algodres parece aliás inteiramente compatível com uma construção situada entre meados do séc. XVII e início / meados do século XVIII. Por outro lado, a "Memória Paroquial" não refere as ruínas da antiga fortificação. O Vigário não deu qualquer resposta ao quesito 25 em que se inquiria se na terra haveria "... algum castelo ou torre antiga e em que estado se acha ao presente?". Assim, tudo leva a crer que, em meados do séc. XVIII, a construção da Misericórdia já teria "apagado" os vestígios do antigo castelo...

O muro que circunda lateralmente e na traseira o edifício da Misericórdia é deveras imponente, como a sua foto da fachada Sul bem documenta. De facto, mais parece uma "muralha"! Porém, creio que será extremamente difícil demonstrar, com alguma segurança, que esse muro constitui (no todo ou em parte) parte da muralha ou que inclui pedras da muralha do antigo castelo, embora essas hipóteses possam e devam ser aprofundadas. Se naquele local existiu o castelo, é bem possível que a muralha tivesse um traçado coincidente, ao menos em parte, com o do actual muro e sabemos, pela tradição já referida, que as pedras desse castelo foram reutilizadas nas construções posteriores. Mas, se, efectivamente, algumas das pedras do dito muro (em especial na parte inferior) parecem ser mais "antigas" e /ou apresentam características particulares (algumas parecem ter encaixes que eram comuns em aparelhos pré-românicos), salvo melhor opinião, neste caso, isso, só por si e na ausência de outros vestígios, não permitirá confirmar qualquer datação ou o tipo de utilização anterior que as mesmas terão tido.

Embora esteja muito longe de ser entendido em tais matérias, julgo que o muro existente na traseira da Misericórdia, tal qual se apresenta actualmente, terá sido construído expressamente para servir de sustentação do terreno à época da edificação do templo (embora não possa excluir, como acima referi, a hipótese de que tenha sucedido a parte da muralha do antigo castelo ou que integre algumas pedras do mesmo). O muro e a igreja parecem-me estar coerentemente integrados num mesmo projecto arquitectónico e não conheço indícios que nos levem a duvidar de que ambas as construções sejam genericamente contemporâneas. A meu ver, a dúvida que o Albino levanta, pelo facto de o muro parecer estar desnecessariamente "avançado" em direcção a Sul (à "Barroca"), poderá ter resposta na topografia do local (uma construção mais recuada poderia exigir, por ex., remoção de terras) ou em necessidades ou conveniências inerentes à solidez da construção ou das cargas a suportar. Trata-se de questões carecem de aprofundamento por especialistas nessas matérias. Também não me parece decisivo o argumento de que a construção do muro naquele local envolveria encargos acrescidos ilógicos, por se estar a construir um logradouro desnecessariamente amplo nas traseiras da igreja. Mesmo que a construção naquele local não tenha sido determinada por razões topográficas ou de técnica construtiva, poderá ter havido outras razões que justificassem a criação de um tal logradouro. Se actualmente só serve de “miradouro”, poderá ter sido projectado em função de outras utilizações. Não é de excluir, até, que possa ter sido utilizado como necrópole (embora até ao momento não sejam conhecidos, tanto quanto sei, dados que o comprovem). Recordo que as Misericórdias tomavam a seu cargo a sepultura de indigentes ou de restos mortais de alguns justiçados, ... (cf., por ex., Isabel G. Sá, “As Misericórdias portuguesas de D. Manuel I a Pombal”, 2001, pp. 89-91).

Partilho da sua expectativa quanto à disponibilização do relatório das recentes escavações realizadas em Algodres. Seria óptimo se fossem divulgados antecipadamente – logo que possível - os resultados preliminares julgados mais relevantes (nem que fosse na blogosfera!).

Para já, não tenho qualquer informação que corrobore a possível existência de vestígios de uma muralha de época romana na rua que o Albino menciona. Recordo-me de que, aquando de uma visita que fiz a Algodres em Novembro de 2006, se via na escavação em curso nesse local parte de uma estrutura que incluía um silhar almofadado, mas não me pareceu que se tratasse de uma "muralha" ... e mais não sei, porque não voltei ao local e nunca falei com os arqueólogos responsáveis por essas escavações.

Apoio entusiasticamente a sua ideia de sinalizar e tornar acessível o miradouro das traseiras da Misericórdia (salvaguardadas algumas questões de segurança). Aquele terraço, no alto da "Barroca", é uma autêntica varanda virada para o vale do Mondego e a Serra da Estrela, proporcionando uma visita memorável!

Vou ficar por aqui, que este comentário já vai inaceitavelmente longo. Peço desculpa pelo abuso. Em minha defesa, só posso invocar o entusiasmo que ambos partilhamos pelo tema do desaparecido Castelo de Algodres.

Um grande abraço, com a amizade de sempre,

Al Cardoso disse...

Caro Nuno:

Bem haja pelo comentario que nunca e longo para mim.

Um abraco do d'Algodres.

Unknown disse...

Bom dia amigo Cardoso!

Gostei muito de ler este post, agora tem que publicar uma foto de uma grande angular da paisagem vista do miradouro.

Um abraço

Anónimo disse...

Uma porção de história regional que se lê com agrado. Boa semana.

Tozé Franco disse...

Mais um pedaço da história deste país e particularmenet da sua terra. É sempre com agrado que leioa aquilo que escreve.
Um abraço.

eddy disse...

Caro Al

Ao ler este post, lembrei-me de inumeros casos semelhantes espalhados por este Portugal. Por exemplo: do antigo castelo de Idanha-a-Nova também pouco resta. Muitas das suas pedras foram reaproveitadas noutros locais. Noutras localidades ficou apenas a toponímia.

um abraço raiano