domingo, outubro 23, 2011

Os "cristaos-novos" das vilas de Algodres e Fornos, nao foram processados pela inquisicao?!

E estranho, mas mesmo muito estranho, que é precisamente em Algodres e em Fornos de Algodres, as povoações mais populosas e onde as comunidades judaicas o seriam também, pelos vestígios conhecidos, onde não aparece nenhum processo da inquisição, por judaísmo!

Porque será? Eu tenho algumas ideias sobre este assunto, no entanto até hoje não consegui encontrar nenhum documento que o possa provar, talvez pelo facto das minhas investigações devido à minha residência, só poderem ser feitas digitalmente.

Julgo, e se calhar, não andarei muito longe da verdade, se disser que eram comunidades que estariam em boas graças com o resto da população, pelas profissões que praticavam; sapateiros, tamanqueiros, alfaiates, cesteiros, latoeiros etc, etc, não havendo nestas terras, aquela má vontade e até inveja, pois sendo relativamente pequenas, que embora com alguma influência eram comunidades relativamente pobres.

Tenho também uma outra teoria, e nisto vou referir-me somente a Fornos; embora se tenham descoberto gravações relacionadas com judeus, ultimamente também no Outeiro de Cima, na Rua de Santo António e Rua das Carretas e Rua Fresca. A maior parte dos vestígios dos judeus e "cristãos-novos", encontram-se na Rua e Travessa da Torre e na Rua de S. Salvador.
Ora a maior parte das casas com estas gravações, encontram-se pegadas pela parte de trás, com o quintal da família mais nobre desta vila de Fornos de Algodres.
Suponho eu, que essas casas, foram construídas em terras outrora pertença dos Abreu Castelo Branco, e que seriam casas aforadas a judeus, foro esse, que seria pago a esses fidalgos.
Não sei se nos documentos desta família, existem alguns documentos que e provem, ou até se nas matrizes dessas propriedades, isso o possa comprovar. Também pode muito bem acontecer que a antiguidade dos cartórios não vá tão longe, que nos possa dar essa informação. Pode ser isto somente uma suposição minha, mas que faz algum sentido, lá isso faz.
Pois sendo os judeus pessoas cumpridoras dos seus acordos, e, pagadores fieis dos seus deveres, os donos destas terras e casas, tinham todo o interesse de os manter como foreiros e, não os denunciar a "inquisição"!

Outra razão para não haver denuncias, terá que ver com o facto, de não haver nestas terras  nenhum convento ou mosteiro, de nenhuma ordem religiosa e muito menos dominicano, pois foram estes religiosos os mais activos nestas denuncias!

E sabido também, que o clero secular não era muito favorável a acção da inquisição, e esta para mim e também outra das razões. Porque bem lhes bastavam os seus próprios problemas, pois foram processados muitos padres seculares e, naturais e residentes das paroquias de Fornos Algodres existem vários, processados por concubinato e solicitação!

Para paroquias também relativamente pobres como as da "terra de Algodres", se os "cristãos-novos" residentes, eram paroquianos assíduos e bons pagadores do dizimo e congruas, havia também todo o interesse que não fossem processados, porque a serem-no, eram menos fregueses com que ficavam.

A juntar a tudo isto, é sabido que muitos Abades de S. Miguel de Fornos de Algodres, eram membros das famílias nobres de Fornos,  os Abreu Castelo Branco e os Albuquerque Pimentel de Vasconcelos Soveral. E por conseguinte não iriam contra os interesses das famílias onde pertenciam.

Não sei se estou certo, em tudo o que aqui digo, porque para isso necessitava de provas documentais, que estando longe mais difícil é conseguirem-se, se é que ainda existem, o meu pressentimento para ai me leva, e muitos dos meus pressentimentos tem se revelado verdadeiros!

Caso não tenha acontecido, a bendita "fogueira patriótica", na Praça (velha) referida pelo Monsenhor Pinheiro Marques,  no livro "Terras de Algodres", onde foram queimados os arquivos, dos vários concelhos que formaram o actual Município de Fornos de Algodres, teríamos hoje todos nós, que nos interessamos pelas várias vertentes da história concelhia, a vida muito mais facilitada!

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