quinta-feira, setembro 29, 2005

CABRAIS E MENANOS II


Ja me referi na entrada anterior ao contributo que os Cabrais de Fornos de Algodres, deram a governacao e ao ensino em Portugal e ao nosso concelho, alem destas areas tambem muito contribuiram para a confeccao e reformulacao de leis, de certa forma bastante avancadas para a epoca, facto que por si so revela inteligencia e sentido de progresso e nao de retrocesso. Quanto a mim foi esta a principal razao pelo qual foram tao atacados politicamente, porque as classes ja em si favorecidas nunca querem perder os beneficios e benesses. (Ate parece que estavamos em 2005!!! como a historia se repete.)

Vou-me agora referir a outra familia de Fornos que deixou o nome ligado a justica e a medicina, mas e tambem fundamentalmente a cultura no nosso pais e que muito engrandeceu as nossas "Terras" os: Menanos; familia tambem numerosa e descendente de proprietarios agricolas medios para a altura, estou a referir-me aos fins do seculo XIX e principios do passado, portanto umas geracoes depois dos Cabrais. Tal como naqueles o pai desta geracao de Menanos, o facto de ter tido 14 filhos nao o impediu de lhes dar uma boa educacao e muitos deles foram formados na universidade de Coimbra. Primeiro Jose e Paulo Costa e mais tarde ja em principios do seculo XX: Horacio, Antonio e Francisco Menano. Todos eles contribuiram na area cultural para a divulgacao da chamado "Fado de Coimbra", tanto em composicao como em poesia e interpertacao.

Todos eles foram notaveis e muito contribuiram para que a sua geracao ficasse conhecido por: "geracao de oiro" mas foi na composicao com o Dr. Franciso Menano e na interpertacao com Dr. Antonio Menano que ficaram mais celebres. O Dr.Antonio Menano com a sua voz extraordinaria conseguiu superar todos os outros e ate o saudoso Hilario. Mas nao foi so na interpertacao que o Dr. Menano contruibuiu para a da Cancao de Coimbra, foi fundamentalmente na divulgacao e nao so neste tipo de musica mas do fado em geral, pois foi quem primeiro gravou o fado portugues, primeiramente em Paris e depois em Lisboa e Madrid, tendo ele so gravado mais discos que todos os cantores da sua geracao.

No entanto a vila de Fornos ja anos antes tinha legado um outro seu filho para a: "Cancao de Coimbra" este sim contemporaneo de Antonio Hilario, foi um reconhecido guitarrista chamou-se: Jaime Augusto Ferreira de Abreu e foi estudante em Coimbra onde se formou em 1888. assim temos que as nossas "Terras" sempre estiveram no primeiro plano desde os inicios deste tipo de musica na sua divulgacao, ainda mais recentemente e embora sem a projecao dos Menanos, tem havido varios interpertes daqui naturais da musica de Coimbra.

A familia Menano e por isto e muito mais um bom exemplo de como a educacao e a cultura sempre faz progredir e avancar, pois quando as pessoas abrem horisontes e inovam mantendo a mente sempre aberta, podem como diz uma maxima judaica: "Apender com todos".
Nao sei se nesta familia havera sangue judaico, mas nao me custaria a acreditar que sim, no entanto deixo as suas geracoes mais novas esta investigacao.
Alem destes poderia referir-me tambem as seguintes geracoes desta familia e ao seu contributo para o concelho e regiao mas como e comtemporanea da minha, poderia exagerar ou nao lhe fazer inteira justica, pelo que deixo essa tarefa para os vindouros.

terça-feira, setembro 27, 2005

CABRAIS E MENANOS, I


Aparentemente nao ha muito em comum entre estas duas familias naturais da vila de Fornos, mas se analizar-mos melhor podemos encontrar algumas similiaridades. Os Cabrais embora tivessem ainda sangue da familia onde entronca o descobridor do Brasil, (os mais antigos conhecidos nesta vila foram os fundadores da Mesericordia em fins do seculo XVI) eram descendentes de um ramo desta familia com solar em Cerorico o Bebado (Celorico da Beira) e era uma das mais importantes familias da Beira; Senhores de Belmonte e Azurara (Mangualde) e alcaides-mores de varias cidades e vilas.

No entanto foi ja no seculo XIX que uns descendentes daqueles Cabrais, atingiram prestigio a nivel nacional e enobreceram ainda mais esta antiga vila; Estamos a falar do Conde de Cabral: Jose Bernardo da Silva Cabral e do Conde e mais tarde Marquez de Tomar: Antonio Bernardo da Costa Cabral, um e outro ministros em varios governos durante o reinado de D. Maria II, tendo deixado o seu nome ligado a historia do nosso pais.

Estes Cabrais eram no entanto filhos de um proprietario medio, que embora pertencendo ao concelho da Rainha era um fidaldo de pequena estirpe e nao muito rico, (para por o filho Antonio a estudar em Coimbra teve de alienar uma propriedade que tinha em Sobral Pichorro neste concelho) mas fez questao em dar uma boa educacao aos varios filhos e muitos deles tiveram-na universitaria, tendo com isso enobrecido a familia e a sua terra, contribuindo com isso tambem para a renovacao e desenvolvimento da nossa nacao, se mais nao fizeram foi porque a inveja que e a arma dos imcompetentes e as continuas revolucoes dessa altura nao o permitiram.

Como referi embora descendentes da pequena nobreza, de certa forma nunca pelos grandes nobres aceites ao mesmo pe de igualdade, querendo talvez com isto significar que talvez dentro dessa familia poderam ter existido algumas ligacoes matrimoniais , que nao estariam dentro das regras instituidas por essas linhagens antigas, (casamento com pessoas de raca judaica ou com pessoas mecanicas "artezaos ou comerciantes).

Foram no entanto gente ilustre pelo cultura e instrucao e ai e que eu posso encontrar o paralelo, pois como sabemos entre o povo de ascendencia judaica sempre existiu e ainda hoje existe o afam da educacao e cultura, nao quero com isto afirmar que estes Cabrais tenham sangue judaico mas poderiam te-lo tido, pois durante o liberalismo ja tinham sido abolidas todas essas antigas regras e varias pessoas comprovadamente de sangue judaico foram elevadas a nobreza.

Os Cabrais de Fornos de Algodres sempre se bateram pela educacao e cultura do nosso povo e foi o Antonio Bernardo da Costa Cabral quando ministro do reino, que instituiu varios estabelecimentos de ensino em varias cidades e vilas e criou o ensino primario em Portugal, que infelizmente devido as benditas revolucoes so bastante mais tarde foi implementado. Alem disso a sua morte legou o seu solar de Fornos ao municipio, para ai ser criado um estabelecimento de ensino, que a partir de 1948 foi o Externato Marquez de Tomar, escola essa que formou uma grande parte da gente do nosso concelho.

quinta-feira, setembro 22, 2005

OS TAMANQUEIROS

De entre todas as profissoes manuais que se desnvolveram na vila de Fornos, a que maior renome alcancou ate meados do seculo passado foi a "tamancaria": arte de confecionar tamancos e tamancas. Para os mais novos e que se nao lembrem deste tipo de calcado passo a explicar: Tamancos era um tipo de botas normalmente para homem, feitas de cabedal ao natural e que eram depois encebadas, ou tambem nalguns casos pintado de preto ou outras cores e as Tamancas era um tipo de chinelas femeninas, normalmente pintadas e decoradas havendo-as tambem em cabedal ao natural, uns o outros com a particularidade de terem a sola feita de madeira, usualmente de "amieiro"(madeira facilmente moldavel). Para alem de ser uma materia prima em abundancia (os amieiros sao uma especie arborea bastante frequente nas zonas ribeirinhas na nossa regiao de Algodres) usava-se tambem pelo facto de ser um material quente e seco e portanto muito proprio, principalmente para os meses de inverno, muito mais severo nesses tempos de antanho.

Fornos de Algodres era conhecida nesses tempos por: "Terra dos tamanqueiros" devido ao facto de terem chegado a existir varios fabricantes nao so na vila mas tambem na vizinha Infias, havendo alguns que davam emprego a bastantes artezaos. Os tamancos de Fornos eram comercializados em todas as feiras da Beira e ainda em Tras-os-Montes (por coincidencia ou nao as zonas mais frias do nosso pais) e eram um tipo de calcado muito popular entre os pastores das bem conhecidas ovelhas "bordaleiras" e "merinas mondegueiras" que poduzem o leite com que se confeciona, o nosso bem conhecido "Queijo da Serra da Estrela" reconhecido em todo o lado como um dos melhores do mundo. Hoje este tipo de calcado embora ainda se fabrique em pequena escala para artezanato foi destronado com o advento da burracha e mais tarde do plastico, muito raramente se ve alguem a usar tamancos.

A origem do fabrico dos tamancos perde-se na memoria dos tempos, mas nao seria de estranhar que tivesse sido introduzida na nossa regiao, pelos seguidores da fe de Moises, como sabemos os judeus nunca foi um povo que se dedica-se muito a agricultura eram; nas classes mais ricas: "fisicos"(medicos) homens de leis e advogados, comerciantes e banqueiros, nas classes mais pobres entre outras coisas eram: alfaiates, sapateiros, carpinteiros, latoeiros, cesteiros etc... Por isso nao me custa nada a crer que tivessem sido eles quem introduziu este tipo de calcado nas nossas terras. Mas tivessem sido eles ou nao, quem o fez so mostrou que tinha sentido apurado para o que era um bom industrial e comerciante, pois usavam materias primas locais e de acordo com as necessidades da regiao.

Quanto deveriam aprender deles estas novas geracoes, porque em vez inovar usando os nossos productos, unicamente so sabem copiar outras regioes e ou seus vizinhos. Pois nem seria preciso ter uma vista muito apurada para se verem possibilidades de desenvolvimento usando as nossas materias primas.

quarta-feira, setembro 21, 2005

PARA LER E PENSAR

Quando comecei a consultar o blog: "Rua da Judiaria" logo me chamou a atencao uma frase que se encontra no titulo desse mesmo site (perdoe-me Nuno pela inculsao) diz assim: "Quem e sabio? Aquele que aprende com todos" ("Ben Zoma", Pirkei Avot 4:1")
gostei muito desta maxima, porque de certa forma sempre esteve de acordo com a minha filosofia de vida; sempre e dentro das minhas limitacoes tentei aprender com todos, mas nem por sombras me considero nem perto dos sabios, isto nao e falsa modestia podem crer.

segunda-feira, setembro 19, 2005

BEM HAJA

O meu sincero e bem beirao BEM HAJA ao: http://idanhense.blogspot.com/ pela inclusao deste humilde blog naquele site. Para todos quantos desejem conhecer mais sobre a Idanha-a-Velha e um bom ponto de partida. Para os que nao sabem foi la que se originou a hoje diocese da Guarda, que engloba presentemente duas das nossas paroquias: Juncais e Vila Ruiva da Serra.

sábado, setembro 17, 2005

HOSPITAL DE FORNOS

A antiga vila de Fornos ja tem hospital pelo menos desde 1573, pois de ai em diante aparece documentado no livro das visitacoes da diocese de Viseu, era governado por um provedor e tinha casa propria e varias propriedades. Quando em 1666 foi instituida a Mesericordia nesta vila, apoderou-se esta dentre outras coisas dos bens de referido hospital e passou a partir de entao a administra-lo.

O facto de ter hospital por si so persupoe, que desde esses tempos ja nesta vila havia pelo menos um medico que entao era denominado "fisico". Sabemos pela nossa historia que a grande maioria senao a totalidade dos medicos nessas alturas eram judeus. Por isso e ainda sem o afirmar categoricamente, suponho tambem que o "fisico" de Fornos seria judeu, era ele quem entre outras coisas atendia o hospital desta vila. Deveria ser natural da vila, pois com os fracos meios de comunicacao que havia na altura, nao seria nada facil que aqui se desloca-se de outra localidade.

Alem do hospital havia tambem nesta vila desde tempos imemoriais uma farmacia ou "botica" como era identificada nesses tempos de antanho. A tradicao dessa mesma "botica" ainda hoje predura e a rua onde ela se localizava; na parte mais antiga de Fornos de Algodres, ainda hoje se chama "Rua da Botica".

Sabe-se que foram os judeus quem desde sempre, mais se dedicou a medicina, farmacia e outras profissoes liberais, bem assim ao comercio e industrias artezanais.
De uma maneira geral sempre foram um povo instruido pois dentro das suas comunidades existe a maxima que diz: "Toda a cidade sem educacao e cultura sera uma cidade morta". Que pena terem sido expulsos e proibidos de executar as suas profissoes, tendo con estas leis os nossos governantes a partir do seculo XVI originado o atrazo que de certa forma ainda hoje se faz sentir.

Como seriam hoje as "Nossas Terras" se nao se tivessem expulso, perseguido e queimado nos autos-de-fe os Cripto-judeus portugueses.

sexta-feira, setembro 16, 2005

CASAL DO MONTE


De acordo com o foral de D. Sancho I, concedido ao concelho de Penaverde, ja nessa altura (principio do seculo XIII) o Casal do Monte era uma herdade da Ordem Hospitalaria, esta mesma ordem devera ter-lhe concedido o primeiro foral anos mais tarde para promover o seu povoamento. Ha quem afirme que foi o prior do convento de Moreira em 1235 quem lhe concedeu o primeiro foral, no entanto creio que devera haver alguma confusao, porque essa carta a que se referem foi concedida a Queiriz que era ja nesse tempo a paroquia que englobava o Casal do Monte, no entanto sendo este propriedade dos Hospitalarios nunca esteve subordinado aquele convento.

No seculo XVI o rei D. Manuel I ter-lhe-a concedido foral novo em data hoje incerta, mas o seu pelourinho estilo manuelino a essa conclusao nos leva. Embora vila e concelho nunca constituiu paroquia e sempre esteve dentro da circunscricao paroquial de Queiriz. Desde o seculo XIII pertencia ao termo do julgado de Penaverde, mas ja em 1724 pertencia ao julgado de Trancoso.

Quando das reformas administrativas de 1836, entre os muitos concelhos extintos esteve tambem Casal do Monte, sendo conjuntamente com a freguesia de Queiriz englobado no Concelho de Fornos de Algodres, e como ja pertencia aquela paroquia foi a partir dessa data incluido naquela freguesia, tendo perdido entao toda a sua autonomia civil.

Depois desta pequena intruducao, quero referir-me as evidencias da presenca judaica neste pequeno mas muito antigo concelho, nao sabemos quanto numerosa tera sido a comunidade Hebraica, mas sabe-se que existiu e ainda hoje ha varios vestigios da sua presenca, em varias casas que foram mais tarde de "cristaos-novos". Situando-se relativamente perto de Trancoso que teve uma das mais numerosas e importantes comunidades judaicas da nossa Beira, nao e de estranhar a sua presenca deste povo no Casal do Monte.

O facto de nunca desde a epoca medieval, ter constituido sede paroquial, sabendo-se que outras povoacoes muito menos numerosas o foram, (ex. Vila Cha, 1525 =15 fogos) pode levar-nos a conclusao de que a maioria dos habitantes desta antiga vila nao era crista, seriam de religiao judaica, pelo que nao haveria incentivo para que esta vila tivesse constituido a sua propria paroquia, e os cristaos aqui residentes eram assistidos na igreja de Sta. Agueda em Queiriz.

terça-feira, setembro 13, 2005

BEM HAJA

Um bem beirao BEM HAJA ao meu amigo Nuno Guerreiro, pela inclusao do meu humilde blog, na seccao: Leituras do seu blog http://ruadajudiaria.com. Todos os que como eu gostem dos temas judaicos, gostaram decerto da sua leitura, desde aqui convido-os a consulta-lo.

segunda-feira, setembro 12, 2005

QUINTA DO PARREXIL OU DO METILDES

Esta pequena quinta do Parrexil que creio nunca tera tido mais do que um fogo, foi a semelhanca das pequenas aldeias do antigo concelho de Figueiro da Granja, fundada entre os anos de 1527 e 1657. Tendo sido fundada depois do edito de expulsao dos judeus, suponho que tal como as restantes tambem esta quinta tera sido fundada por "cristaos-novos" (estranho uma era a quinta das Paradeiras e esta do Parrexil: Parece que as gentes que as fundaram vinham a fugir de algo e so ai pararam).

Esta quinta ainda ha relativamente pouco tempo era habitada e era conhecida por "quinta do Real", outrora para alem do nome original foi designada pelo menos desde o seculo XIX por quinta do Metildes; por ai ter vivido um individuo de apelido "Metildes"

Ora o um dos meus bisavos paternos chamou-se: Jose Metildes Cardoso e viveu nessa quinta antes de se ter mudado para Vila Cha de Algodres; freguesia que lhe fica relativamente perto. Creio que o apelido "Metildes" o tera herdado de sua mae, portanto tera sido o seu avo (meu quarto avo) que tera originado que esta quinta tenha mudado o nome de Perrexil para Metildes. Esta nome e bastante invulgar e creio que se tera perdido com o meu bisavo, pois sendo o apelido varonil Cardoso foi esse que continuou e continuara por essa via na nossa familia.

Existem varios indicios de que a nossa familia tem ascendencia judaica, ja me referi as minhas suspeitas pelo ramo dos: Almeida (Pratas) e Espirito Santo, (dois apelidos comprovadamente usados pelos cripto-judeus) hoje vou-me referir ao "Cardoso", mas antes lembrar que os judeus casavam entre si, infelizmente tenho que deixar de parte o apelido "Metildes " pois dele pouco sei.

O Nome Cardoso de acordo com os genealogistas, e ja conhecido em Portugal desde o seculo XII e tera tido origem na quinta do Cardoso que se situava nos arredores de Lamego. Este nome foi usado desde essas alturas por varias familias nobres e espalhou-se por todo o reino tendo-se generalizado. Foi e continua tambem a ser usado por familias que provavelmente nao tem qualquer ligacao com esses ramos "nobres" dos Cardosos. Presentemente esta espalhado em todos os paises de expressao portuguesa e castelhana , havendo tambem uma verzao italiana deste apelido.

Sabe-se tambem que foi um apelido bastante usado pelos judeus portugueses nos seculos XV e seguintes: Ainda hoje existe em Nova York uma familia de nome "Cardoso" de judeus ilustres e bem conhecida em toda a America; esta como outras descendente dos judeus portugueses que foram os primeiros que se instalaram nesta cidade quando ainda era "Nova Amesterdam" e era uma colonia holandesa. Alem destes houve tambem um outro judeu que foi juiz do supremo tribunal dos Estados Unidos de nome : Benjamim de Souza Cardoso e ainda a relativamente pouco tempo era rabi da sinagoga Portuguesa-Espanhola de nova York um senhor de apelido Cardoso.

Alem destes factos gostaria de lembrar que o meu bisavo era alfaiate; uma das profissoes desempenhadas pelos judeus, profissao que fez questao de passar aos seus
filhos sendo o meu avo o unico que nao seguiu essa profissao para grande desgosto daquele. Concluo portanto que os: Almeida Pratas e Espirito Santo, se teram ligado aos: Metildes Cardoso devido ao facto de entre eles haver sangue hebraico.
Alem disto muito gostaria de saber qual tera sido a razao que originou que o meu avo que chegou a ser um catolico muito praticante, deixou a partir de meados do seculo passado de praticar a religiao catolica. Sera que descobriu as suas origens judaicas? Infelizmente hoje nao o poderei saber pois faleceu sem eu o ter averiguado.

sábado, setembro 10, 2005

INDICIOS HEBRAICOS


Quando a cerca de trinta anos tive acesso, ha ate hoje primeira monografia das terras de Algodres (nessa altura nao era facil pois estava esgotada, (esta cuja fotografia aparece foi reeditada em 1988) tive o prazer de como grande amante de historia, me inteirar de muitos factos ate entao eram por mim desconhecidos acerca da historia das nossas terras.

Embora hoje admitindo que com bastantes lacunas e omissoes, tenho que reconhecer que para a epoca (1938) foi uma obra notavel e sem ela hoje muito da nossa historia colectiva estaria perdida, no entanto e como ja referi noutra entrada o monsenhor Pinheiro Marques, ou por ignorancia ou por outra qualquer razao, praticamente nao se refere a presenca judaica no nosso concelho de Fornos de Algodres, que se sabe existiu e ate tera sido bastante notavel.

Aquando da minha primeira leitura deste trabalho nao me movia como hoje a investigacao acerca deste tema, por isso foi ja muito mais tarde quando e por falta de outros meios de consulta, comecei a descobrir pequenas referencias que de todo estavam relacionadas com os judeus.

Hoje vou fazer referencias a mais algumas destas pistas: "Na seccao das curiosisades do concelho (pag.36 e 37) e referido que: "numa casa do sr. Tiago de Almeida (este nome nao soa a judaico?) no Outeiro em Figeiro da Granja existem gravadas sobre as torcas de duas portas as letras IHS que e o emblema do Santissimo Sacramento," talvez o monsenhor nao soubesse na altura mas hoje sabe-se que este emblema muito em uso no seculo XVI foi tambem usado pelos cristaos-novos para provar a sua nova fe.
Alem destes refere tambem que "sobre uma porta de loja das Casas Grandes (provavel antigo solar dos Osorios)esta tambem muito bem gravada uma cruz cujo desenho e invulgar" ao mesmo tempo refere que "nao sei o que significa este emblema. A meu ver aquela pedra com a cruz, esteve em outro tempo noutro lugar de significado religioso. e foi para ali colocada em qualquer reconstrucao"

Talvez o monsenhor nao soubesse realmente, mas hoje sabe-se com bastante certeza que essas pedras foram mandadas gravar pelos antigos judeus convertidos. Pela sua afirmacao de clerigo e culto vem com a sua hipotese informar-nos que nao era comum aos cristaos fazerem este tipo de gravacoes sobre as portas de suas casas. Hoje e mais que sabida a razao porque a gente de sangue hebraico teve que o fazer: Tinham que convencer por todos os meios (e este era um deles) os padres da inquisicao de que eram tanto ou mais cristaos que outros, para desta forma fujirem as fogueiras dos autos-de-fe.

sexta-feira, setembro 09, 2005

AS FORCADAS A MATANCA E OS JUDEUS

Hoje vou-me referir a uma pequena mas histórica aldeia, incluída no termo do antigo concelho e hoje freguesia da Matança: "FORCADAS". Esta aldeia que em meados do século passado começaram a identificar como a aldeia mais portuguesa do concelho de Fornos de Algodres, era ate a relativamente pouco tempo o exemplo mais legitimo da construção portuguesa na nossa região, infelizmente hoje já se vêem exemplos e reconstrucoes que em nada a dignificam historicamente.

Pelo "cadastro da população do reino de 1527" vemos que nessa altura no concelho da Matança, para alem da própria vila com 57 fogos, só existiam: a "quyntam de valbom" a "quyntam do outeiro do porquo" e a "quyntam...." cada uma delas com 1 fogo cada, não sei em que sitio se localizavam, nem tampouco se alguma destas quintas terá sido a origem das aldeias das Forcadas ou da Fonte Fria.

O que se sabe e que, tivessem tido origem nalguma destas quintas ou não, certo e que estas aldeias foram fundadas já depois dessa data. Falando unicamente das Forcadas, e estranho que assim como as pequenas aldeias do antigo concelho de Figueiró da Granja, também esta foi fundada pela mesma altura, e bastante elucidativo e basta ler as minhas entradas sobre aquelas aldeias para se encontrar paralelo.


Posso afirmar sem receio de ser desmentido que senão foi fundada por judeus, pelo menos ai viveram, pois ainda hoje se podem ver as cruzes gravadas nas fachadas de algumas casas das Forcadas, sinonimo de "cristãos-novos".
E também de bastante interesse lembrar aos mais esquecidos, que nesta aldeia não se conhece desde os tempos mais remotos, nenhum oratório, capela, cruzeiro, alminhas ou qualquer outro símbolo cristão. Existe um pequeno oratorio mas esse sera ja do seculo XVIII e, a capela de Nossa Senhora de Fatima, foi construida na decada de setenta do seculo XX. Tambem recentemente foram colocados pequenos cruzeiros por la espalhados!


E bom lembrar que tanto as Forcadas como a Matança, foram terras em que o artesanato e as profissões manuais, sempre se desenvolveram bastante, o facto de terem boas ligacoes viárias desde o tempo dos romanos para isso deve ter contribuído.
Há quem afirme ate que o topónimo "Forcadas" vira do facto de se situar junto a uma forca viária.

Alem dos factos referidos existe (ou existia) no sitio da Corujeira uma casa muito antiga que tinha sobre a porta gravadas as seguintes letras: IHVS que significa Jesus e sobre uma janela: IIIVS XPO que quer dizer Jesus Cristo, por si só identificara uma casa de judeu, que aquando do edito de expulsão se terá convertido em "cristão-novo". Novamente reforço a ideia de que só estes precisavam de provar que eram cristãos. Esta casa pela sua grandiosidade terá sido de um judeu abastado.

quarta-feira, setembro 07, 2005

AGRADECIMENTO

Ja com algum atrazo, por isso as minhas desculpas, quero muito sinceramente agradecer aos meus amigos Nuno Soares e David Caetano a gentileza da divulgacao deste blog em: http://algodres.blogs.sapo.pt e em: http://arqueobeira.net, respectivamente, bem hajam. Quero recomendar a todos os possiveis leitores desta pagina a leitura tambem daqueles sites podem crer que e tempo bem empregue.
Novamente um bem beirao bem hajam.
Albino Cardoso

terça-feira, setembro 06, 2005

POVOA DO CRASTO

Incluida no termo do antigo concelho e hoje freguesia de Figueiro da Granja, existem hoje as ruinas desabitadas do que foi a antiga aldeia ou Povoa do Crasto, creio que nunca tera tido mais do que 8 fogos e foi fundada em fins do seculo XVI. (porque tera sido que foi nesta altura que apareceram todas as pequenas e hoje desertas aldeias daquele antigo concelho)

Como referi numa outra entrada ai construiram a segunda residencia os meus bisavos paternos: Almeida (Pratas) e Espirito Santo, nao tendo ate hoje conseguido descobrir os apelidos dos outros habitantes daquele lugar.(caso me pudessem ajudar agradecia)

Em meados da decada de sessenta do seculo passado ainda ai havia moradores e eu proprio ainda ai visitei a minha bisavo em crianca.

Sempre me chamou a atencao o facto do meu bisavo( proprietario medio-alto nos fins do seculo XIX) e com propriedades distribuidas pelas freguesias de Figueiro da Granja, Algodres e Cortico, nunca ter construido residencia na antiga vila de Figueiro o que seria mais que logico e sempre viveu relativamente longe dela.

A sua ultima residencia construida de raiz: uma altiva casa de granito foi edificada nos primeiros anos do seculo passado nesta antiga Povoa do Crasto.

A designacao "Crasto" e uma corruptela da palavra castro, pois esta pequena aldeia fica localizada na vertente sul do monte Sao Tiago onde se encontram as ruinas ja escavadas e documentadas dum castro do neolitico.

Tal como a Aldeia das Cortes e a Quinta do Mateus, tambem creio que nesta Povoa do Crasto devem ter vivido gentes de sangue hebraico, entre os quais os meus ascendentes, muito gostaria que os residentes de Figueiro da Granja me pudessem complementar esta minha ideia com informacoes, ou sobre os nomes dos antigos habitantes desta aldeia.
Pois assim talvez possamos escrever a historia do povo judaico pelas nossas terras, gente essa a quem foi negado o direito de professar a religiao dos seus pais.

domingo, setembro 04, 2005

MONOGRAFIA DAS TERRAS DE ALGODRES & OS JUDEUS

Creio que a unica referencia que o Monsenhor Pinheiro Marques; na sua monografia sobre a nossa regiao,(TERRAS DE ALGODRES Concelho de Fornos) faz aos judeus se encontra no capitulo XVII; Quando se refere as Familias Ilustres. Na seccao referente a familia Abreu (pagina 228 segunda edicao) diz que quando estes instituiram em 1616 o morgadio com vinculo na Quinta da Costa refere que: "ficavam excluidos deste vinculo os bastardos, os que tivessem raca de mouro, gentio ou judeu, os que casassem com pessoa mecanica ate aos bisavos....."

Embora eu saiba que o que motivou o monsenhor a referir esta passagem, era muito mais dignificar os antigos senhores de Fornos, que com esta estipulacao nao contaminavam o seu sangue, do que referir a presenca hebraica no nosso concelho.

No entanto em meu ver e mesmo sem o querer, prestou um importante contributo com esta pequena passagem, para a divulgacao e a historia do povo Hebraico nas nossas terras.

Por isso ficamos a saber (o que ate nem e novidade) que nas nossas terras houve judeus, que deveriam ter sido pessoas relativamente ricas para pertenderem manter lacos matrimoniais com a classe nobre, e que maioritariamente se dedicavam a oficios mecanicos.

Alem desta informacao soube ultimamente, que numa investigacao inquisitorial sobre um individuo da familia Magalhaes no seculo XVII que suponho pertencia a Casa do Cabo em Cortico, se chegou a conclusao que nesta familia nao existia sangue judaico.

E estranho que o Monsenhor Pinheiro Marques no capitulo II acerca dos primitivos habitantes nunca refira os Judeus, mas sendo ele um digno representante da classe hierarquica da igreja catolica ( chegou a ser nomeado bispo ) e tendo pretencoes de nobreza, era para ele muito conveniente ocultar a presenca deste povo.

sábado, setembro 03, 2005

QUINTA DAS PARADEIRAS OU DO MATEUS

Tal como a Aldeia das Cortes esta quinta foi fundada entre os anos de 1527 e 1657, fica situada no vale da ribeira de "Corticolo",(assim se chamava no seculo XII) relativamente perto da mesma e em frente da antiquissima vila de Algodres. Tinha 4 fogos e ainda era habitada na decada de sessenta do seculo passado.
Provavelmente tambem tera sido fundada ou habitada por judeus conversos, pois algumas familias que ai residiram tem apelidos que indicam origem judaida; como por exemplo o dos meus bisavos: Almeida (Pratas) e Espirito Santo.
Assim como a Aldeia das Cortes tambem esta quinta, nao tem nem nunca teve nada que a relacione com a religiao crista; nem sequer um singelo cruzeiro.
Esta quinta fica sensivelmente a mesma distancia de Vila Cha, de Algodres, de Cortico e de Figueiro da Granja embora esteja incluida no termo desta ultima.
Como referi ai viveram os meus bisavos, ate que tendo construido a residencia na Povoa do Crasto para la se mudaram. (sendo pessoas relativamente ricas para o meio, tinham a obseccao de viver longe da antiga vila de Figueiro) Mais tarde tambem ai residiram os meus avos paternos e ai nasceram dois dos seus filhos, sendo ainda hoje propriedade de um dos meus tios o que resta da antiga casa familiar.
Esta quinta a partir do seculo XVIII passou a designar-se por Quinta do Mateus porque para ai se mudou um natural de Vila Cha de Algodres de nome: Jeronimo Mateus. E interessante o facto de como esta pequena povoacao mudou o nome so pelo facto de para ai se ter mudado esse senhor Mateus, sem querer afirma-lo suponho que tera sido pessoa importante e o apelido "Mateus" denota ascendendencia Hebraica.
Tambem nas imediacoes existem propriedades de uma outra familia da minha terra de apelido Almeida mas que nao sei se estara relacionada com o meu bisavo e de uma outra de apelido Ribeiro, duas geracoes mais tarde por coincidencia ou nao, uma senhora da familia Almeida casou com um irmao do meu pai.
Podem ser puras expeculacoes e coincidencias mas tudo me leva a crer que tal como a Aldeia das Cortes, esta Quinta das Paradeiras mais tarde chamada "do Mateus" tambem foi fundada por cripto-judeus. Hoje encontra-se como ja referi desabitada e em ruinas.

quinta-feira, setembro 01, 2005

ALDEIA DAS CORTES III


Creio que hoje vou encerrar este tema sobre a antiga Aldeia das Cortes, no entanto poderei voltar se novos factos aparecerem.
Para concluir quero unicamente reforcar a minha ideia: a Aldeia das Cortes foi fundada em fins do seculo XVI por judeus conversos (cripto-judeus) que teriam sido naturais ou residentes da vila e concelho de Figueiro da Granja. Teram fundado esta pequena aldeia que chegou a ter 8 fogos, junto ao limite do termo daquele concelho com a freguesia de Vila Cha de Algodres, porque dessa maneira melhor podiam ocultar alguns actos do culto Judaico que faziam em segredo, enquanto ao mesmo tempo aparentavam ser cristaos e participavam (nao muito assiduamente creio) em actos de culto cristao na igreja a que pertenciam (Sta. Maria de Figueiro). Pois se o quisessem fazer mais assiduamente iriam a "Sa. das Bovas Novoas" a Vila Cha que ficava a dois passos, e entao nao se teria justificado a construcao desta aldeia. Pois junto dela havia e ainda ha terrenos semelhantes: Lages e cabecos para onde se poderiam ter mudado.
Termino trazendo a terreiro, uma preocupacao que a Aldeia das Cortes me traz a mente. Com a tao falada e conhecida desertificacao da nossa Beira sera muito provavel que se os governos nada fizerem para inverter esta tendencia, brevemente assistiremos ao aparecimento de outras aldeias desertas e em ruinas, que seram muito historicas e nostalgicas mas nada mais que refletiram este mundo urbano e desenraizado que querem transformar o nosso Portugal. Como vemos as melhores vias de comunicacao so tem servido para que a nossa gente mais depressa possa deixar a terra onde nasceu e cresceu.